Duo Ouro Negro
Composto por Raul Indipwo e Milo MacMahon, o Duo Ouro Negro nasceu aquando da partida de um terceiro elemento da banda onde ambos já actuavam e que se chamava simplesmente Ouro Negro.
Nascidos e criados no Sul de Angola, Milo e Raul conhecem-se desde infância e resolvem, em 1959, formar o Duo Ouro Negro, cujo repertório, que incluía baladas e danças, era descrito como sendo de folclore angolano, das suas várias étnicas e línguas.
No mesmo ano da sua formação, dão um espectáculo em Luanda e deslocam-se a Lisboa, obtendo bastante sucesso nas suas actuações no Cinema Roma e no Casino do Estoril. Após terem gravado três álbuns em Portugal, regressam ao seu país.
O êxito dos primeiros discos vale-lhes muitos concertos e a presença em programas de rádio e TV nacionais.
Entre 60 e 63, realizam várias digressões na Europa, nomeadamente em Espanha (onde recebem, na Embaixada Portuguesa, a Medalha de Mérito), França, Suécia e Finlândia. Após a gravação do seu álbum "Mulowa", estreiam-se no conceituado Olympia de Paris.
Em 1966 recebem, em Lisboa, nova distinção, desta feita, o prestigiado Prémio da Imprensa. No mesmo ano, actuam na Salle Garnier da Ópera de Monte Carlo para os príncipes do Mónaco. Desdobram-se ainda em concertos, nomeadamente no Rio de Janeiro, onde são mesmo galardoados com a Medalha de Ouro. Ainda em 1967, foram uma das grandes atracções do espectáculo de comemoração do vigésimo aniversário da UNICEF, em Paris, numa actuação que foi transmitida em directo para mais de 200 milhões de telespectadores.
Em seguida foi a vez do Canadá, (onde foram convidados para actuar na Gala de Abertura da terceira edição do MIDEM), a Bélgica, Alemanha, Jugoslávia (Festival de Split), ficarem a conhecer o Duo Ouro Negro.
Em Portugal, colaboram com a RTP em vários programas de variedades. Concebem e apresentam "A Rua d'Elisa", uma opereta africana com música, texto, coreografia e direcção de cena a seu cargo. Em 1968, actuam pela primeira vez nos EUA, em Chicago, e assinam um contrato de representação com a Columbia Artists Management, aproveitando para preparar uma futura e mais extensa passagem pelo país, que acontece em 1970. Antes disso gravam, na Argentina, o álbum "Ouro Latino", editado em Portugal com o nome "Sob O Signo De Iemanjá".
Após a digressão norte-americana, seguem-se passagens pelo Japão, onde actuam na Expo-70, em Osaka. Lá, gravam vários discos, como "O Espectáculo É Ouro Negro".
Em seguida, de novo em Lisboa, recebem mais uma vez o Prémio da Imprensa, graças ao espectáculo "Blackout", e anunciam a intenção de abandonar as canções mais frívolas como "Maria Rita" e "Silvie", e se dedicarem à divulgação do folclore angolano.
Aproveitando o sucesso e a projecção que a banda lhes conferiu, Milo e Raul tornam-se sócios de uma empresa mineira em Angola. Na mesma altura, Raul descobria um interesse pela pintura, fazendo a sua primeira exposição em Lisboa, em 1973.
Após a Revolução de 25 de Abril de 1974, o duo continuou a sua carreira, desta feita, com uma dose de extroversão e libertarismo psicadélico. Nesse ano, compõem, para o Festival da Canção, o tema "Baile Dos Trovadores", interpretado por Rita Olivais.
No ano seguinte, voltam ao Olympia de Paris para um concerto único, do qual resulta a edição do respectivo álbum ao vivo.
A partir do final da década, a carreira do duo passa por um período de abrandamento, com o par a concentrar-se mais no trabalho de estúdio, do qual resultam álbuns como "Lindeza" (1978), "Aos Nossos Amigos" (1984) e "África Latina"(1986). Pelo meio, têm algumas produções em palco, como o espectáculo "Império de Iemanjá", apresentado no Teatro da Trindade, em 1981.
A morte de Milo MacMahon, no final da década de 80, colocou um fim óbvio na carreira do Duo Ouro Negro.
Raul Indipwo inicia então uma carreira a solo mas, após a criação da Fundação Ouro Negro, esta tem-se resumido a actuações em saraus e espectáculos de benemerência, e dedicou-se à Pintura, sendo um Hoby e ao mesmo tempo um refúgio.