Vicente Maria do Carmo Noronha da Câmara nasceu em Lisboa, a 7 de Maio de 1928, no seio de uma família aristocrática. Filho de D. João da Câmara, uma referência maior na locução na antiga Emissora Nacional, começa a demostrar interesse pelo fado, ao assistir, aos nove anos, aos ensaios da sua tia, a muito respeitada fadista, D. Maria Teresa de Noronha, Condessa de Sabrosa, e do seu tio-avô D. João Do Carmo de Noronha (um dos primeiros a gravar fados em disco).
Aos 20 anos, incentivado pela tia, começa a cantar os seus próprios fados, estreando-se na Emissora Nacional, após ganhar um concurso musical. Dois anos depois, assina o seu primeiro contrato discográfico com a Valentim de Carvalho, e grava os seus primeiros temas (”Fado Das Caldas”, “Varina” ou “Oração”). Entre 1955-56, compõe um dos seus fados mais populares, “A Moda Das Tranças Pretas”, numa altura em que trabalhava como Inspector de Vendas da CIDLA.
Vicente da Câmara tocou guitarra e cantou nos tempos livres, actuando um pouco por todo o país e em programas de televisão e rádio, chegando inclusivamente a ter, em meados dos anos 60, um famoso programa de fados em directo no ex-Rádio Clube Português. Em 1961, deixa a Valentim de Carvalho, que acusa de não se interessar pelo seu trabalho. Assina então novo contrato discográfico, desta feita com a Rádio Triunfo, para a qual trabalha durante muitos anos, voltando a gravar alguns dos seus anteriores discos e vários EP’s que incluem fados como “Guitarra Soluçante”, “Andei Procurando O Fado” ou “As Quadras Que Te Vou Cantando”. Mais tarde, já na década de 70, edita, pela mesma editora, alguns álbuns, dos quais se destacam: “O Fado Antigo É Meu Amigo” e “É Tudo Como Era Dantes”. Apresenta-se ao vivo com regularidade e, em 1974, está na “Taverna do Embuçado”, onde actua durante algum tempo.
Em 1982, começa a dar cada vez mais espectáculos no estrangeiro e actua, nos anos que se seguem, em eventos de importância na China, Malásia, Coreia ou Hong-Kong.
Em 1988, participa no álbum de estreia do seu filho, José da Câmara, hoje um dos valores seguros da nova fadistagem, com temas como “Fragata Da Borda D’Água”, “Lembranças Do Passado” e recriando em dueto com José, “A Moda Das Tranças Pretas”.
Em 1989, assinala os seus 40 anos de carreira com um espectáculo no Cinema Tivoli, em Lisboa, no qual passa o testemunho ao filho José, afirmando que “já tem um continuador”. Nos anos seguintes, Vicente da Câmara, continua a apresentar-se ao vivo e, em 1992, volta a actuar na Ásia, cantando na Coreia e em Hong Kong, e depois em África, nomeadamente na África do Sul e em Moçambique. Um ano depois, colabora com os filhos José e Nuno da Câmara, no álbum “Tradição”, de homenagem à sua tia Maria Teresa de Noronha. Em 1994, o disco é apresentado num espectáculo ao vivo realizado na Aula Magna, em Lisboa. No mesmo ano, a Movieplay edita, na colecção “O Melhor Dos Melhores”, em dois discos (um a solo e outro com Maria Teresa de Noronha), alguns dos temas que tinha gravado nos anos 60 e 70 para a Rádio Triunfo.
Em 1997, apesar do interesse da sua editora em lançar um novo disco seu, Vicente da Câmara, afirma que ainda não tem temas preparados para o novo trabalho por ter dado ao filho José as composições que tinha. E é precisamente com o seu filho que grava, em 1999, “Um Nome -Duas Gerações”.